sábado, 3 de dezembro de 2011

A Tempestade - Parte 3/3



"Socorro! Socorro! Nós ajudem!" Gritou Jorge ao entrar correndo no hospital do centro da cidade, com Luíza carregando seu filho no colo, então logo os enfermeiros chegaram com a maca para socorrer o menino, onde o levaram para a sala de emergência.

Minutos depois, o médico chega a sala de espera e relata aos país que seu filho havia sofrido uma parada cardíaca, mas que por agora passava bem. Apesar do alivio ao saberem que seu filho já estava um pouco melhor, ainda tinham o coração na mão, batendo rapidamente por preocupação. Luíza estava tremula, o susto que levou foi muito grande, ver seu filho ter uma parada cardíaca, era demais para ela, enquanto que seu marido tentava manter a calma, escondendo sua preocupação, para não deixar Luíza ainda mais aflita.

Então o médico mostrou aos país o quarto no qual seu filho descansava, pois deveria passar pelo menos quatro dias no hospital até que tivessem a certeza de que era seguro para sua saúde ele sair do local. Ambos passaram a noite toda com seu filho, sentados sobre uma cadeira dura e desconfortável, ao lado da macia cama de Lucas.

O dia se passou e mais uma noite chegou, estando cansado, Luíza diz a seu marido que ele deve voltar para casa, para descansar que ela cuidaria de seu filho. Jorge não discutiu e após beijar sua esposa, volta para casa, deixando seu filho e mulher no hospital.

Já era quase duas da manhã e Luíza dormia sobre a cadeira ao lado de seu filho, que de repente, acorda lentamente e olha para os lados, onde vê sua mãe dormindo e a televisão ligada. Lucas tenta se levantar, tenta sair da cama, mas não consegue, pois ainda estava fraco, só o que podia fazer era mudar os canais com o controle remoto sobre o colo de Luíza.

Então aquele terrível som novamente, as pequenas batidas de chuva na janela do quarto, o faziam tremer e os batimentos acelerarem, onde a maquina começava a gritar "bip... bip...! bip! bip!!" Lucas tentou não dar atenção a chuva que começou a cair do lado de fora, começou a mudar os canais até chegar a um desenho animado, o que o começou a fazer se sentir melhor.

Mas de repente, a imagem começou a se destorcer e a ficar cheia de chuviscos, até sair do ar e aquelas listras com aquele ruido ficar passando direto. Irritado com o som, Lucas desliga a tv e fica no quaro escuro, olhando para o teto e ouvindo o som da chuva, até um novo som o assustar, como se algo afiado batesse contra o vidro.

Seu peito se enche e seus olhos crescem, então para dentro da coberta ele se esconde, mas não deixava de ouvir aquele barulho perturbador de algo batendo a janela, como se pedisse para entrar. Lentamente o lençol começou a descer, então Lucas espia a janela para ver o que faz aquele som e foi quando ele olhou para o lado de fora, que um raio clareou o quarto e um trovão o fez saltar da cama e cair ao chão, onde com os fortes ventos as janelas se abriram.

Luíza acordou no susto, vendo seu filho caído no chão e com o som daquela ventania, de uma simples chuva a uma poderosa tempestade. Rapidamente se levantou e ergueu seu filho, o locando sobre a cama novamente, então foi até a janela para fechada, mas ao que se aproximou uma maçã, violentamente acerta sua face, derrubando-a no chão.

Lucas vai a ponta da cama para ver como está sua mãe e dá um grito de apavoro, ao ver que os olhos e boca dela, foram cobertos por pedaços de maçã, por onde sangravam pelos cantos, dos olhos e da boca.

Ao olhar para a janela, ouvindo um trovão gritando seu nome, nota uma coruja sentada sobre o galho de uma arvore, parecendo que a chuva a contornava, pois ela estava intacta debaixo daquela tempestade, não se movia de jeito algum, somente ficava a observar com seus grandes olhos.

De repente ela da um grande salto em direção ao quarto, então voa para cima de Lucas, onde grita bem alto ao seu ouvido e logo sua visão começa a escurecer e a tudo ficar preto, sendo a ultima coisa a ver, os grandes olhos arrepiantes da coruja.

Ao abrir seus olhos, Lucas se vê no campo de sua casa, olhando para a porta da frente, onde um jovem rapazinho brincava alegremente naquela pequena poça d'água. Um amigo do menino chega e o convida para brincarem de pique-esconde, então o jogo começa e eles saem para brincar, onde o garotinho vai no seleiro da casa para se esconder e Lucas o segue.

No seleiro da casa havia um poço, bem no centro, mas onde o jovem garoto se esconde é atrás de uns pneus de carro velho que ali haviam. Segundos depois o outro menino chega lá e começa a olhar, então acha o amigo, que irritado, fala que ele roubou e que devem começar novamente, mas o menino não aceita, diz que foi justo e não olhou, então os dois começam a brigar e a rolarem pelo chão, enquanto Lucas somente observava e tentava entender aquilo.

E é então que após se levantarem, o amiguinho, sem querer acaba empurrando o outro menino, que tropeça e caem dentro do poço, o jovem rapaz grita por socorro, pois estava desesperando, enquanto que o outro sem saber o que fazer, com medo ele sai correndo, para pedir ajuda.

E ao passar por Lucas, ele percebe que o menino que jogou o outro dentro do poço, era seu pai e nisso ele corre e sobe no poço, para olhar o outro menino, que desesperado tentava se manter com a cabeça fora d'água, batendo seus pés rapidamente, pois não sabia nadar.

Lucas se vira e vê seu pai voltando correndo, com o rosto molhado de lagrimas de arrependimento, com o pai do menino que caiu no poço, junto a ele. Que joga uma corda para tentar salvar seu filho, que amarrou a corda em sua cintura e começou a ser puxado pelo seu amigo e seu pai, mas ao mesmo momento uma forte tempestade começou lá fora, fazendo o local todo balançar e as coisas tremer.

Foi com uma forte ventania, que um saco de maçãs cai da par-telheira e rolam até atingirem o calcanhar de Jorge, fazendo soltar a corda e cair para trás, chutando sem querer o pai de seu amigo, que vai para frente e bate a barria no poço, largando de vez a corda, fazendo seu filho despencar quase já na ponta até o fim do poço, onde bate sua cabeça e desmaia.

Nisso o garotinho morre afogado ao som das lagrimas do pai e do amigo, enquanto agoniado Lucas ficou e sentindo-se incomodado, começa a olhar de um lado para o outro, em todas as direções e é então que nota, que dali do seleiro, tinha uma vista perfeita direto para o quarto do menino, que morava na casa e olhando bem, se assustou vendo um filhotinho de coruja, na ponta da janela, olhando diretamente para o poço com aqueles olhos marrons.

Após abrir seus olhos, assustado com o coração acelerado, Lucas se via deitado na cama do hospital, com sua mãe dormindo ao seu lado na cadeira, a televisão ligada no jornal e o tempo calmo lá fora.

Lucas se recuperou e a primeira coisa que pediu aos seus país após sair do hospital foi a mudança para uma nova casa, onde Jorge concordou imediatamente, pois até ele começou a se sentir assustado com tudo aquilo. Enquanto os país colocavam as malas no carro, Lucas estava em seu quarto vazio, onde se aproximou da janela e ao olhar para fora, a primeira coisa que lhe bateu a vista, foi um campo vazio acimentado.

Então ele da meia volta e do quarto, onde desce para fora da casa a encontrar seus país, entra para dentro do carro e saem depressa, onde Lucas olha pelo vidro de trás do carro e vai se afastando, olhando aquela antiga casa branca com a macieira sem folhas ao lado, com uma enorme coruja de olhos marrons, olhando o carro da família ir embora.


Três meses depois após a partida da família de Lucas daquela casa de campo, o casal desapareceu e o único filho deles foi encontrado um mês depois, afogado dentro da banheira da antiga casa.

Uma coruja foi encontrada junto ao corpo de Lucas...

E nenhuma maçã nasceu novamente daquela arvore...

Mas uma maçã risonha foi encontrada sobre o concreto, afastado da casa...


Fim.

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